quarta-feira, 30 de agosto de 2017

NOVO TRAÇADO (OU NÃO) DO IP3

Com um tráfego rodoviário de cerca de 18 mil veículos/dia e uma elevada percentagem de veículos pesados, o atual eixo do IP3, está entre as estradas mais movimentadas do nosso País e constitui um dos trajetos essenciais, para o transporte de mercadorias para exportação.
O IP3 e o IC6, conferem a Penacova uma centralidade ímpar no importante traçado rodoviário, Coimbra-Viseu-interior norte e a ligação privilegiada à A25, como porta de acesso a Espanha e à Europa, ao interior e ao litoral.
Contrariamente a muitas outras vozes, tenho sempre defendido um reforço de investimento no atual traçado, transformando-o em perfil de autoestrada, em detrimento da construção de uma nova via alternativa, muito mais cara e portajada.
Fui agora informado, que a construção de uma nova via é inevitável, e, que estão já em discussão pública duas hipóteses alternativas.
Uma, o chamado traçado norte, defendido pelos Autarcas a norte, que veem com bons olhos uma distância um pouco mais curta entre as cidades de Coimbra e Viseu, com uma solução que ainda se sobrepõe um pouco ao IP3, prevê a passagem pela zona da Espinheira, depois em túnel pela Serra dos Moinhos da Portela de Oliveira e com a travessia do rio Mondego a montante do concelho de Penacova. Esta solução, que sujeitará, desde logo, o que vai restar do IP3 ao pagamento de portagem, retira-nos o nó de Lorvão, altera profundamente o ecossistema da Serra do Buçaco, abre uma grave ferida na paisagem, sobretudo na freguesia de Figueira de Lorvão e, mais grave ainda, pode provocar a destruição dos aquíferos, inviabilizar de vez a exploração das Corgas e acabar com a Água das Caldas de Penacova.
A alternativa, a que chamam agora o traçado sul, defendido pelas autarquias servidas pela Estrada da Beira, opta pela construção de uma estrada na margem esquerda do Mondego, que passará algures, em túnel pela Serra de Atalhada com ligação ao IC6. Esta solução, talvez com menor impacto ambiental, poderá beneficiar de alguma forma as freguesias do chamado alto do concelho de Penacova.
Neste processo, que, na minha opinião, deveria ser liderado, muito bem estudado e moderado pela Comunidade Intermunicipal, Penacova arrisca-se a ficar no meio deste jogo de interesses locais, a ficar fora da discussão e a assistir ao nascimento de uma nova via rápida, com o IP3 a transformar-se progressivamente numa estrada local, sem a importância estratégica que tem hoje, porventura, votada ainda mais ao abandono, com consequências necessariamente negativas para o concelho.
Sou dos que defendo que não precisamos de mais autoestradas, precisamos, isso sim, de melhorar as que temos, adaptando-as progressivamente às novas realidades, sem onerar ainda mais as gerações futuras. No entanto, e perante a inevitabilidade da sua construção, acho que Penacova deve lutar até ao limite do possível, pela manutenção e melhoria do IP3, sem custos para os utilizadores, e deve ser frontalmente contra qualquer solução que retire o nó de Lorvão e Figueira de Lorvão, que destrua a nossa paisagem, o nosso ambiente e a riqueza incomensurável dos nossos aquíferos.
Este não é o momento de nos alhearmos, de deixar andar ou fazer de conta, este é o momento de cerrar fileiras, de colocar o assunto em discussão pública, franca e aberta, e de levantar a voz a favor daquilo que é essencial ou, pelo menos, com menor impacto negativo para a qualidade de vida de quem cá mora e trabalha.