quinta-feira, 25 de setembro de 2014

A ÍNDIA CHEGOU A MARTE



A India celebrou com pompa e circunstãncia o facto de ter colocado a sonda espacial Mars Orbiter Mission (MOM) - também chamada de Mangalyaan - na órbita de Marte. Um sucesso para esta primeira missão do país ao Planeta Vermelho, que custou 74 milhões de dólares, anunciou o primeiro-ministro Narendra Modi.
Foto: Arun Sankar KAP
Ao mesmo tempo, e no mesmo país, quase 30% dos 1,2 billião de habitantes, ou seja, 363 milhões de pessoas viviam abaixo da linha da pobreza em 2011-12, segundo o relatório dos especialistas, encomendado pelo governo para reavaliar a situação.

Não fora esta indiferença, por tantos milhões de pobres e desfavorecidos, e eu também era capaz de considerar um sucesso.
Isto prova, na India como em qualquer outra parte ou país do mundo, que o problema nunca é a falta de dinheiro, é, isso sim, a forma como é gasto e distribuído.

sábado, 20 de setembro de 2014

PAIS DOS ALUNOS DE FIGUEIRA DE LORVÃO PROTESTAM PELA QUALIDADE DO ENSINO


Tenho acompanhado as preocupações dos Pais e Encarregados de Educação dos alunos da freguesia de Figueira de Lorvão, com as quais, aliás, não poderia estar mais de acordo.
Quando os responsáveis politicos locais e nacionais propalam aos sete ventos medidas avulsas e inconsequentes de incentivo à natailidade e à fixação de pessoas nos seus locais de origem, estes factos mostram bem como essa intenção não passa de mera retórica politica.
A fixação das pessoas, mais do que dar uns euros para a compra de uns livros, passa, sobretudo por criar condições globais de bem-estar onde os pais, as crianças e os cidadãos em geral sintam a sensação de conforto e de segurança e sintam a verdadeira qualidade das instituições. Neste caso concreto, a colocação de mais um professor numa escola de uma freguesia que tem sabido ao longo dos anos manter uma população escolar estável, não é apenas um ato de justiça, mas é, isso sim, um imperativo pedagógico e social que alguém terá de resolver.
Mas o problema de fundo não é a escola de Figueira de Lorvão. Trata-se de reequacinar a politica de investimentos na área educativa, onde as Autarquias têm agora a primeira responsabilidade. Em matéria educativa, o Ministério da Educação limita-se pouco mais (e mesmo assim mal) do que a colocar os professores.  Tudo o resto é politica municipal.
Vejamos o panorama das três escolas mais faladas:

Escola
Nº de Alunos
N.º de Professores
N.º de salas
Investimento
Figueira de Lorvão
86
4
4
Reduzido
Aveleira
44
3
2
Reduzido
Lorvão
23
2
4
1.181.777,53 de euros

Atente-se bem na disparidade destes números em localidades que distam entre si apenas  meia dúzia de quilómetros. Em Lorvão 2 docentes para 23 alunos, em Figueira 4 docentes para 86 alunos.

E no investimento, vale a pena recordar a nota da Autarquia

“A obra em causa que se cifra no valor de 1.181.777,53 euros IVA à taxa legal em vigor foi abandonada pelo empreiteiro em julho de 2012, encontrando-se a decorrer negociações para que a empresa regresse à obra e a conclua em tempo útil.....O investimento do município no programa de requalificação das antigas instalações escolares é visto no quadro de desenvolvimento local e de consolidação do sistema urbano, como um contributo fundamental no desenvolvimento social, cultural e económico de Penacova. O novo edifício da EB1 de Lorvão contribuirá para uma melhor qualidade do ensino no município. Com capacidade para 100 crianças, a obra conta com uma área de construção de 1276 m2 e, para além das crianças de Lorvão, este novo centro acolherá também as de São Mamede e de Chelo.”

Claro que os alunos de Lorvão não têm qualquer culpa, aliás, têm sido muito pacientes ao longo dos últimos anos com aulas nas instalações do antigo HPL, em salas de reduzida dimensão. Alguns viram mesmo começar as obras da escola nova quando iniciaram o 1.º ano e concerteza terminam o 4.º ano sem terem o privilégio de a inaugurar.
Perante esta realidade, espero bem que os Pais destes alunos consigam os seus objetivos de curto prazo, mas desejo, sobretudo, que não baixem os braços e que lutem por uma politica consequente e realista, que lhes permita, num futuro próximo, ter também uma escola de qualidade superior.
Se assim for, valeu a pena.
António Simões

Pela sua atualidade, ainda que desatualizado no número de alunos, republico a seguir o texto que publiquei em 2011, no então Jornal Nova esperança.

MAIS VALE PREVENIR
Normalmente ocupo este espaço, com temas relacionados com a protecção civil e, apenas em circunstâncias excepcionais, tenho emitido opinião pública sobre quaisquer outros assuntos.
Ao retomar os meus escritos, após um pequeno interregno, não posso deixar de abordar a construção dos novos Centros Escolares na Freguesia de Lorvão, questão que está hoje um pouco na ordem do dia.
Em 2008, a tutela aprovou a candidatura, apresentada pela Câmara Municipal, para dois centros escolares a construir na freguesia em Lorvão, um na Sede de Freguesia e um outro, na localidade de Aveleira, com um investimento global de dois milhões e seiscentos e cinquenta e dois mil euros.
Os fundamentos, então apresentados, e que motivaram a aprovação dos dois Centros Escolares na mesma freguesia eram resumidamente os seguintes:
  • Lorvão – requalificação da actual escola, 4 salas – investimento de 920.600 euros
Escola sede de freguesia, com 50 alunos no 1.º ciclo e escola de acolhimento dos alunos das escolas de Caneiro, Rebordosa e Chelo, num total de 80 crianças.

  • Aveleira – Nova construção, 4 salas de aula, com um investimento de 1 731 400 euros.
Escola nova para os alunos de Aveleira e acolhimento dos alunos de Roxo e S. Mamede, num total de 80.

Ora, já em 2008, estes dados não corresponderiam à realidade. As escolas de Caneiro, Rebordosa e Chelo há muito que encerraram e os alunos destas localidades são transportados para Penacova.
Lorvão, tem este ano lectivo apenas 25 alunos, e não 50 como se dizia em 2008. Destes 25, oito(8) estão no 4.º ano, e das 15 crianças que frequentam o jardim-de-infância, apenas 1 tem idade para entrar no 1.º ciclo, em 2012-2013.
Ou seja, o Estado e a Autarquia preparam-se para investir, agora mais de 1.500 mil euros, numa escola que, seguindo as regras de encerramento de escolas com menos de 20 alunos, estará fechada no ano que vem, e, na pior das hipóteses, nem chegará a abrir, porque irá ter apenas 18 alunos.
Para o Centro Escolar previsto para Aveleira, ficam 13 alunos do Roxo, 14 de S. Mamede e 21 de Aveleira, num total de 48, a que podemos somar mais 17 da pré-escola de Aveleira e 12 de S. Mamede. Com esta realidade fria dos números, facilmente se percebe a necessidade que havia de alterar esta politica de investimentos e a redefinição da rede escolar concelhia.
Um das soluções, a curto prazo, poderia passar por anular a decisão de construir na Aveleira, uma vez que Lorvão já está anunciado, e convencer as gentes de S. Mamede, Aveleira e Roxo, a aceitar a deslocação das crianças para Lorvão. Esta solução, no entanto, não será pacifica, porque é preciso não conhecer a realidade social destas localidades, cujos pais trabalham, na sua esmagadora maioria, em Coimbra, para pensar que facilmente deslocariam os seus filhos para Lorvão, preferindo, como já hoje alguns fazem, levá-los para perto dos seus locais de trabalho.
A hipótese, também possível, e agora preconizada, de levar os alunos de S. Mamede para Lorvão ficando a Aveleira junta com o Roxo, deixa apenas 2 turmas em cada um dos lados. A ser assim, vamos construir 2 edifícios, com salas e restantes estruturas para 4 turmas cada um, quando, na realidade, apenas temos alunos para 2 turmas em cada uma das localidades.
Uma outra solução, que me parecia mais ajustada à actual realidade do concelho, e ao interesse das crianças e das famílias, era abandonar estes dois projectos e construir um centro escolar que servisse as freguesias de Lorvão e de Figueira de Lorvão, esta última, ainda com uma escola antiga, a precisar também de ser substituída.
Este novo edifício escolar, para 250 a 300 alunos, a construir algures na zona de Granja, equidistante de Lorvão, do Roxo, ou de S. Mamede, mas também de Telhado ou da Mata do Maxial, podia complementar, e/ou complementar-se, com algumas valências da nova APPACDM, que está prevista para aquela zona, e poderia, aqui sim, ter todas as condições educativas, sociais e desportivas, que hoje se preconizam para escolas modernas de média dimensão. Uma boa rede de apoio e de transportes facilitaria a vida, cada vez mais exigente, dos encarregados de educação.
Sei bem os constrangimentos, até de ordem politica, que estão subjacentes a tudo isto. Reconheço o mal-estar psicológico provocado pelo sentimento de perda que estas questões suscitam no seio de cada uma das localidades envolvidas. Sei muito bem o quanto trabalharam, num passado recente, por exemplo, os Pais de Aveleira, para construir o refeitório do jardim-de-infância, ou os Pais do Roxo para melhorar o seu edifício escolar.
Imagino também, o quanto custará aos habitantes de Lorvão, sede de freguesia, perder a identidade da sua Escola, depois de saber que poderão perder o Hospital Psiquiátrico.
Sou particularmente sensível a tudo isto. Fui Delegado escolar, no tempo em que o concelho tinha 48 escolas primárias frequentadas por 1.600 alunos e vivenciei muitos momentos de alegria protagonizados pelas escolas, em cada uma das aldeias. Mas, infelizmente, sou obrigado a reconhecer, que hoje a realidade é bem diferente, desde logo o número de alunos, que em 10 anos, caiu para menos de metade.
É também neste sentido, que defendo a adopção de medidas e de investimentos compensatórios. Com alguma imaginação, a freguesia, e particularmente a Vila de Lorvão, poderia ser compensada. Esta Vila, é conhecida pelo Mosteiro e pelos magníficos pastéis. Mas Lorvão tem também, uma das melhores Filarmónicas da região e uma escola de música que merece o maior carinho público, pelo trabalho incomensurável de apoio às crianças e aos jovens de toda a freguesia.
Recordo-me de há uns anos ter acompanhado, durante um dia, a Filarmónica Boa Vontade Lorvanense a uma localidade de Aveiro para fazer a gravação de um CD, exactamente porque a sua sede não tinha, e não tem, condições para o efeito. Então, porque não fazer algo de diferente e remodelar as actuais instalações da Escola Primária, transformando-a, na Sede da Filarmónica e na Casa da Música do Concelho, dotada de condições de excepção.
Penacova e a Filarmónica de Lorvão, poderiam assim, ter uma casa da música diferente e potencialmente inovadora, atraindo a atenção de instituições congéneres. Por outro lado, o Município apostaria em três centros/pólos educativos de excelência, S. Pedro de Alva, Penacova e Lorvão/Figueira de Lorvão, que tornassem o concelho conhecido pela evolução tecnológica da educação nas suas vertentes educativas, sociais e de lazer, onde os pais reconhecessem, SOLUÇÕES DIFERENTES, INOVADORAS E MODERNAS e sentissem que valia a pena matricular os seus filhos, apelando assim, e também, à auto-estima Penacovense.
Num tempo que se perspectiva difícil, e no cenário da crise em que vivemos, reitero a necessidade de agir, proactiva e positivamente, procurando rentabilizar os recursos existentes, com vista ao alcance de soluções diferentes e inovadoras, onde a gestão deve assumir cada vez mais competências de liderança. É esta liderança, que se exige aos responsáveis políticos, mesmo sabendo que em nenhum contexto é possível agradar a todos.
No artigo publicado neste mesmo Jornal em Outubro de 2010, expressei a minha opinião acerca do local, na Eirinha, previsto para a construção do Tribunal de Penacova, defendendo a alteração do projecto para o Largo Rainha D. Amélia. Coincidência, ou não, o certo é que o Tribunal parece que vai mesmo para as antigas escolas primárias de Penacova.
Pode ser que desta vez volte a acertar. Estão em causa mais de três milhões de euros, que na modesta opinião, livremente expressa, de um cidadão comum, deveriam ser bem aproveitados. Destes três milhões, metade será “dado” pela comunidade europeia, outra metade terá de sair dos cofres da Autarquia.

A ser assim, parece que não aprendemos nada e também nesta matéria não prevenimos o futuro.