Integrado nas comemorações do Feriado
Municipal, foi hoje formalmente inaugurado o Centro Escolar de Lorvão.
Numa entrevista ao Diário das Beiras
da passada quinta-feira, o Sr. Presidente da Câmara Municipal de Penacova
confessa, que a decisão do investimento não foi motivada por uma necessidade
objetiva, mas antes foi “na altura uma
decisão política e teve que ser tomada”. Reconheço esta abertura de
espírito, porque nem todos os políticos teriam a frontalidade de assumir
que um
projeto desta natureza, de cerca de 1 milhão e meio de euros, se deveu
apenas a
razões de mera decisão política. Quanto a este assunto estamos
conversados.
Contra factos não há argumentos. O investimento está feito, não vale a
pena
encontrar culpados, era preciso inaugurá-lo. Agora é preciso diálogo com Pais e encarregados de educação, mostrar-lhes a
qualidade das instalações e convencê-los da mais valia que representa juntar as
crianças da freguesia.
Mas ontem surpreendeu-me, e apenas por
isso escrevo, o discurso da Senhora Presidente da CCDRC, quando afirmou, que
estava a inaugurar uma obra, que era um bom exemplo de investimento de dinheiros
públicos e de fundos comunitários.
A Sr.ª Presidente certamente não
deveria saber que este Centro Escolar tem matriculados, para o próximo ano
letivo, apenas 22 alunos no 1.º Ciclo e 17 no Jardim de Infância, ou se sabia
só podia estar a brincar connosco o que sinceramente não acredito.
Eu sei que basta haver uma criança
para que tenhamos que procurar logo criar as melhores condições, mas, perante a
realidade dos números, era quase obrigatório ter encontrado outra solução no
quadro concelhio ou de freguesia.
Gosto muito de Lorvão e das suas
gentes e lamento que não tenha mais crianças para encher aquelas bonitas salas e dar
mais alegria e colorido às ruas da Vila. Lamento também que por diversas razões
sociais e até de algum bairrismo, por vezes exacerbado, não seja possível juntar
todos os alunos da freguesia, criando um espaço escolar integrado e de
qualidade. Mas também lamento, que se gaste tanto dinheiro num Centro Escolar sem
cuidar de saber se objetivamente ele serve os interesses da freguesia, do
concelho e em particular das 22 crianças que certamente vão ter um único
professor para os quatro anos de escolaridade.
Note-se que tem menos crianças no
Jardim de Infância do que alunos no primeiro ciclo. Se não houver uma inversão
desta tendência, ou se não se conseguir juntar os alunos da freguesia, em breve,
todos nós, que estivemos no momento da inauguração, estaremos na cerimónia de
encerramento.
Muito mas mesmo muito sinceramente, espero
estar enganado.