sábado, 18 de julho de 2015

AINDA O CENTRO ESCOLAR DE LORVÃO

Integrado nas comemorações do Feriado Municipal, foi hoje formalmente inaugurado o Centro Escolar de Lorvão.
Numa entrevista ao Diário das Beiras da passada quinta-feira, o Sr. Presidente da Câmara Municipal de Penacova confessa, que a decisão do investimento não foi motivada por uma necessidade objetiva, mas antes foi “na altura uma decisão política e teve que ser tomada”. Reconheço esta abertura de espírito, porque nem todos os políticos teriam a frontalidade de assumir que um projeto desta natureza, de cerca de 1 milhão e meio de euros, se deveu apenas a razões de mera decisão política. Quanto a este assunto estamos conversados. Contra factos não há argumentos. O investimento está feito, não vale a pena encontrar culpados, era preciso inaugurá-lo. Agora é preciso diálogo com Pais e encarregados de educação, mostrar-lhes a qualidade das instalações e convencê-los da mais valia que representa juntar as crianças da freguesia.
Mas ontem surpreendeu-me, e apenas por isso escrevo, o discurso da Senhora Presidente da CCDRC, quando afirmou, que estava a inaugurar uma obra, que era um bom exemplo de investimento de dinheiros públicos e de fundos comunitários.
A Sr.ª Presidente certamente não deveria saber que este Centro Escolar tem matriculados, para o próximo ano letivo, apenas 22 alunos no 1.º Ciclo e 17 no Jardim de Infância, ou se sabia só podia estar a brincar connosco o que sinceramente não acredito.
Eu sei que basta haver uma criança para que tenhamos que procurar logo criar as melhores condições, mas, perante a realidade dos números, era quase obrigatório ter encontrado outra solução no quadro concelhio ou de freguesia.
Gosto muito de Lorvão e das suas gentes e lamento que não tenha mais crianças para encher aquelas bonitas salas e dar mais alegria e colorido às ruas da Vila. Lamento também que por diversas razões sociais e até de algum bairrismo, por vezes exacerbado, não seja possível juntar todos os alunos da freguesia, criando um espaço escolar integrado e de qualidade. Mas também lamento, que se gaste tanto dinheiro num Centro Escolar sem cuidar de saber se objetivamente ele serve os interesses da freguesia, do concelho e em particular das 22 crianças que certamente vão ter um único professor para os quatro anos de escolaridade.
Note-se que tem menos crianças no Jardim de Infância do que alunos no primeiro ciclo. Se não houver uma inversão desta tendência, ou se não se conseguir juntar os alunos da freguesia, em breve, todos nós, que estivemos no momento da inauguração, estaremos na cerimónia de encerramento.
Muito mas mesmo muito sinceramente, espero estar enganado.

terça-feira, 7 de julho de 2015

ACRISE NA GRÉCIA E NA EUROPA


Yanis Varoufakis, Ministro das finanças do governo Grego, foi a primeira vítima do resultado do referendo que ele próprio promoveu.

Para quem ainda pensava que o Povo Grego não tinha opinião formada sobre a crise que afeta as suas necessidades mais básicas, sobretudo do povo que trabalha, aí está a resposta. Um rotundo não às medidas da Europa de mais austeridade para quem mais precisa, mas também um rotundo não às propostas demagógicas do Governo Syriza.

Alexis Tsipras e Yanis Varoufakis, chegaram à conclusão que não conseguiam governar o País e decidiram colocar a responsabilidade do lado do Povo. Se o “Sim” tivesse ganho, os principais responsáveis ter-se-iam provavelmente demitido com o argumento de não poder governar, mas o povo, na sua douta sabedoria, devolveu-lhes essa mesma responsabilidade, dizendo-lhes com toda a segurança, que foram eleitos para governar e para tirar, como haviam prometido, a Grécia da austeridade.

O Syriza, por via do seu discurso, foi a força política mais votada para dar esperança ao Povo Grego, ao invés disso, hoje os bancos estão fechados, e os bens mais essenciais começam a escassear. Por cá, o discurso também foi assim, mas apesar das muitas promessas não cumpridas e do esmagamento da classe média, não chegámos a este estado de aflição.

Interpreto, por isso, este “não” do Povo Grego como uma lição para a Europa teimosa e redutora, e sobretudo para o egocentrismo da Alemanha e da França, mas também para todos aqueles que querem ser eleitos com propostas demagógicas, que sabem nunca vão poder cumprir.

Só por isso, sou levado a concordar com o referendo. 

Espero, no entanto, que fazendo uso dos mesmo argumentos de democracia, os outros países não se lembrem de promover um referendo, para que o povo se pronuncie se quer ou não continuar a emprestar dinheiro à Grécia.

Enquanto isso, em Portugal os cidadãos pagam bilhete nos transportes públicos para ir trabalhar, na Grécia os transportes públicos estão gratuitos.