Yanis Varoufakis, Ministro das finanças do
governo Grego, foi a primeira vítima do resultado do referendo que ele próprio
promoveu.
Para quem ainda pensava que o Povo Grego não
tinha opinião formada sobre a crise que afeta as suas necessidades mais
básicas, sobretudo do povo que trabalha, aí está a resposta. Um rotundo não às
medidas da Europa de mais austeridade para quem mais precisa, mas também um
rotundo não às propostas demagógicas do Governo Syriza.
Alexis Tsipras e Yanis Varoufakis, chegaram à
conclusão que não conseguiam governar o País e decidiram colocar a
responsabilidade do lado do Povo. Se o “Sim” tivesse ganho, os principais
responsáveis ter-se-iam provavelmente demitido com o argumento de não poder
governar, mas o povo, na sua douta sabedoria, devolveu-lhes essa mesma
responsabilidade, dizendo-lhes com toda a segurança, que foram eleitos para
governar e para tirar, como haviam prometido, a Grécia da austeridade.
O Syriza, por via do seu discurso, foi a força
política mais votada para dar esperança ao Povo Grego, ao invés disso, hoje os
bancos estão fechados, e os bens mais essenciais começam a escassear. Por cá, o
discurso também foi assim, mas apesar das muitas promessas não cumpridas e do
esmagamento da classe média, não chegámos a este estado de aflição.
Interpreto, por isso, este “não” do Povo
Grego como uma lição para a Europa teimosa e redutora, e sobretudo para o
egocentrismo da Alemanha e da França, mas também para todos aqueles que querem
ser eleitos com propostas demagógicas, que sabem nunca vão poder cumprir.
Só por isso, sou levado a concordar com o
referendo.
Espero, no entanto, que fazendo uso dos mesmo
argumentos de democracia, os outros países não se lembrem de promover um
referendo, para que o povo se pronuncie se quer ou não continuar a emprestar
dinheiro à Grécia.
Enquanto isso, em Portugal os cidadãos pagam
bilhete nos transportes públicos para ir trabalhar, na Grécia os transportes
públicos estão gratuitos.