Tal como
todas as coisas, também a língua portuguesa, falada por 244 milhões de pessoas
em todos os continentes, teve o seu principio. Foi há precisamente 800 anos, em
27 de Junho de 1214, que o Rei D. Adfonso II, escreveu o seu testamento em
português. Este momento foi efetivamente um marco simbólico, porque ninguém
antes dele usara o português nos seus escritos oficiais.
Desde então
a língua portuguesa espalhou-se pelo universo, e é hoje língua mãe de grandes
países, de dimensão geopolítica diversa, como o Brasil, Angola ou Moçambique.
Esta é uma riqueza incomensurável que não sabemos preservar e muito menos
explorar a nosso favor.
Desde os
nossos mais altos responsáveis, que se esforçam tantas vezes para falar
publicamente noutras línguas, julgando até que com isso se tornam mais cultos
aos olhos do povo, até ao comum do cidadão que se preocupa, educadamente, para
dar uma informação na língua, mesmo que atabalhoada, do turista que o
interpela, até aos nossos jogadores de futebol, por exemplo, que a partir do
segundo dia que pisam outro país já querem falar a sua língua como se lá
tivessem nascido, todos nós, de uma ou outra forma, minimizamos aquilo que é
porventura a nossa maior riqueza.
Como
queremos nós expandir ou até só preservar a língua portuguesa, quando parece que
temos vergonha dela. Testes universitários feitos em inglês, a maior parte dos
negócios, mesmo feitos em Portugal, redigidos em inglês e a drástiica
diminuição dos professores de português no estrangeiro, são alguns exemplos
avulso.
Qualquer
cidadão que visita Portugal não precisa de se preocupar em aprender umas poucas
palavras em Português, porque nós por cá vendemos facilmente a alma ao diabo e
depressa estamos a trocar a lingua.
Hoje
comemora-se, até com alguma pompa e circunstãncia, o nascimento desta lingua, a
sexta mais falada em todo o mundo, a quinta mais usada na Internet e a terceira
mais utilizada nas redes sociais Facebook e Twitter. Partilho naturalmente do
destaque desta efeméride e da sua dimensão, mas temo que, mais uma vez, estas
comemorações sejam apenas para “inglês ver”.