Publica-se, com o devido consentimento, e a seu pedido, uma carta enviada pelo Dr. Alípio Ribeiro, residente em Casal de St.º Amaro. Apesar de não trabalharmos para receber qualquer tipo de agradecimento, não podemos deixar de registar este gesto e desejar ao Dr. Alípio Ribeiro e aos seus familiares, um rápido e completo restabelecimento do seu Pai.
Ex.mo
Senhor
Comandante
dos Bombeiros Voluntários de Penacova
Quinta
de Santo António
3360-191
PENACOVA
Como é do conhecimento de V. Exª, na tarde do dia
27/11/2012 o meu pai ausentou-se da sua residência e, devido ao seu estado de
saúde, perdeu a orientação, não conseguindo regressar a casa pelos seus
próprios meios. A angústia que se seguiu, na sua procura incessante, nos
terrenos, na mata, nos escombros, nos poços, nos silvados e ribeiras,
prolongou-se pela tarde e noite dentro (noite tenebrosa, gélida), sem qualquer
sucesso, numa ansiedade crescente até ao meio dia do dia seguinte, partilhada
por V. Exª e pelos incansáveis HOMENS que comanda. Com propriedade reconhecidos
como SOLDADOS DA PAZ. Não encontro palavras nem forma de agradecer tão grande solidariedade
e empenho, num contexto como este, em que se tem a certeza de que o nosso pai
está perdido, algures, mas sem se saber onde, porém com a certeza de que corre
risco iminente de vida, atendendo à idade, ao estado de saúde, à noite húmida e
gelada (cerca de 4 ou 5 graus negativos) que agudizou ainda mais o nosso estado
de espírito e o pessimismo acerca do desfecho dos acontecimentos.
É consabido que, pessoalmente,
os bombeiros não esperam agradecimentos, nem qualquer compensação monetária, pela
sua benemérita acção. Não tendo preço, eu sei que basta ao BOMBEIRO o reconforto
da alma, obtido pela entrega voluntariosa aos outros e ao BEM FAZER em prol da
HUMANIDADE, na tentativa de esbater o mais possível o sofrimento alheio. Só alguns
(muito poucos) tem o grato privilégio se sentir tal coisa, especialmente na
forma como o sente quase diariamente o verdadeiro BOMBEIRO VOLUNTÁRIO. Ninguém
exprimirá melhor o que quero dizer, sem verdadeiramente o conseguir fazer, do
que três palavras mágicas que definem o lema do BOMBEIRO:
“VIDA POR VIDA!”
Dito isto, com muita humildade e respeito, quero
dirigir-me a V. Exª, Senhor Comandante, e a todas as BOMBEIRAS E BOMBEIROS, que
naquela noite participaram nas buscas do meu pai e partilharam a angústia da
família, o nosso reconhecido OBRIGADO.
O espírito que vos anima É FANTÁSTICO, A VOSSA DEDICAÇÃO TEM UMA FORÇA MÁGICA. NESTES TEMPOS TÃO
DIFÍCEIS PARA TODOS, DESEJO MUITO QUE CONTINUEM ASSIM, PARA QUE POSSAMOS TER
UMA SOCIEDADE MENOS EGOISTA E MAIS SOLIDÁRIA. CREIO SINCERAMENTE QUE O VOSSO EXEMPLO NUNCA FOI NEM SERÁ EM VÃO E POR
ISSO TENTAREI REPLICAR O QUE SEMPRE APRENDI COM OS BOMBEIROS. ORGULHO-ME MUITO
DE TODOS VÓS!
Para que se saiba, registo também aqui que o meu espírito
continuará sempre convosco,, de forma inequívoca e cada vez mais reforçada. É
TAMBÉM MEU O LEMA QUE VOS ANIMA: “VIDA
POR VIDA”! PORQUE SÓ ISSO DÁ SENTIDO À NOSSA EXISTÊNCIA. POR ESSA RAZÃO
PODEM CONTAR SEMPRE COMIGO, AINDA QUE OS MEUS PRÉSTIMOS POSSAM SER PARCOS E
HUMILDES.
FELIZ NATAL PARA TODOS.
Os meus cumprimentos
Alípio Fernandes Bispo Ribeiro.