sábado, 15 de fevereiro de 2014

UMA BOA NOTÍCIA, NOVA AUTO-ESTRADA COIMBRA-VISEU PODE NÃO SER UMA REALIDADE

Ontem li num jornal, que a projetada auto-estrada de ligação Coimbra Viseu, sem passagem por Penacova, podia não chegar a sair do papel por falta de verba.
Em minha opinião uma boa notícia para Penacova. Com a construção de uma nova via rápida, o Ip3 transformar-se-á numa estrada regional, sem a importância estratégica que hoje tem e, porventura, será votada ainda mais ao abandono, com consequências muito negativas para o concelho de Penacova, que parece não querer sair da letargia de muitos anos e continua a perder população, protagonismo e capacidade de afirmação face aos concelhos vizinhos.
E não serão apenas os setores do turismo ou da gastronomia a perder receitas. Numa altura em que Penacova parece querer mexer com o novo pólo industrial da Alagoa, não percebo como se pode defender a construção de uma nova estrada, que ligue as duas principais cidades da região, sem passar pelo nosso concelho.
Como Penacovense, entendo que Penacova, a sua população e os seus responsáveis, deviam, isso sim, defender, “com unhas e dentes”, não a construção de uma nova estrada, mas antes a requalificação do Ip3.

Neste caso,  a falta de verba pode ser uma boa noticia para Penacova.

TECER A PREVENÇÃO


Não. O título não é meu. “Tecer a Prevenção” é o nome de um projeto, proposto pela Comissão Nacional de Proteção de Crianças e Jovens em Risco às CPCJ concelhias, com o objetivo de dinamizar as Instituições e a sociedade civil e, de alguma forma, mudar o modelo de influência e abraçar um novo paradigma centrado na prevenção, neste caso particular, na intervenção precoce junto das crianças e dos jovens.

Há poucos dias, a convite da CPCJ de Penacova,  tive o privilégio de participar numa reunião de trabalho com a presença do Presidente da CPCJ Nacional, onde foi apresentado o projeto “tecer a prevenção". Confesso que o nome, só por si, me fascinou.

Esta dimensão tão abrangente das palavras, esta ideia de um trabalho diligente, mas ao mesmo tão dinâmico, paciente e acolhedor, como era a labuta das tecedeiras, trouxe-me à imaginação o aconchego das peças que teciam, dos fios que entrelaçavam, das teias protetoras que faziam, das camisolas quentinhas ou dos cobertores que me embalavam o sono. No fim de contas era tudo aquilo que nos protegia e prevenia do frio.

Ao ouvir o Juiz Conselheiro Armando Leandro, passeei pelo tempo, o tempo que nos traz à memória as crianças mais desprotegidas, as que todos os dias precisam de uma tecedeira, uma artesã com mãos de ouro e um coração imenso, capaz de abraçar e entrelaçar esta tarefa e incluir o talento e a capacidade de prever e prevenir os acontecimentos.

Mas este projeto levou-me também a refletir, a olhar ainda mais longe, sobre a dimensão da prevenção e da sua transversalidade.

Há em cada um de nós e na sociedade um espaço incomensurável para que a prevenção cresça, mas tem que ser uma prevenção com sentido, útil e necessária, que custe, mas que se traduza em resultados práticos. Uma prevenção que possa ser aprendida e multiplicada, que comece nas escolas, mas também que seja objeto de exemplo dado pelos mais experientes e responsáveis.

Efetivamente a prevenção é, ou poderia ser, a chave do sucesso para muitos dos problemas que nos afetam e que condicionam o dia a dia das pessoas, das instituições e da sociedade. Na saúde, na educação, na proteção civil, na segurança, no trabalho ou na infância e na juventude… como tudo poderia ser diferente se tivéssemos essa capacidade, esse engenho e arte para prevenir ao invés de remediar e “correr sempre atrás do prejuízo”.

Neste início do ano de 2014, com tantos constrangimentos, no domínio da proteção civil e da proteção dos mais vulneráveis, aprendamos a pensar e a tecer a prevenção e não apenas a repetir lugares comuns ou velhas fórmulas, que há muito estão desgastadas.

No próximo dia 1 de Março, dia em que entrou em vigor a Constituição da Organização Internacional de Proteção Civil – OIPC, também conhecida pela sigla anglo-saxónica ICDO (International Civil Defence Organisation), com sede em Genebra, comemora-se o Dia Mundial da Proteção Civil. Neste dia, cada um de nós, individual ou coletivamente, pode fazer alguma coisa que contribua para esta mudança de paradigma.