Há, de facto, ocorrências que não podemos evitar, mas
os últimos dias de 2019, com as chamadas depressões, mostraram mais uma vez as
vulnerabilidades do nosso território.
Árvores caídas para as vias de comunicação, estradas
cortadas ou condicionadas, algumas por falta de manutenção, aldeias sem luz,
sem televisão, sem internet apenas e só porque não há cuidado de proteger as
linhas, diques que rebentam, alegadamente, por falta de vistorias, inundações
por manifesta falta de limpeza, aldeias e vilas sem água, enfim um sem número
de situações que, com um pouco mais de cuidado e de trabalho antecipado, podiam
ser evitadas, ou pelo menos minimizadas.
Falta, a uma boa parte do País, uma cultura de
prevenção mais aprofundada e um conceito de cidadania ativa, mais forte e exigente.
Aceitamos tudo muito passivamente, parece que somos um povo hipnotizado,
extasiado, encantado com a retórica, com o populismo exacerbado de alguns responsáveis
políticos dos diversos patamares. Aplaudimos os discursos bonitos mas não
cobramos o incumprimento das promessas, preferimos uma cultura de facilitismo,
ao invés de exigir o cumprimento das condições mais básicas de conforto e
segurança.
Ficamos muito incomodados, críticos mesmo até á
exaustão se não há festa e fogo-de-artifício, mas aceitamos como natural ter as
estradas a cair.
Infelizmente isto passa-se no nosso concelho, no
nosso país e mesmo à escala internacional.
Na Austrália, os incêndios matam dezenas de pessoas,
queimam milhares de casas de primeira habitação, destroem milhares e milhares
de hectares de floresta, transformam por completo o ecossistema de uma região e
poluem como nunca.
Mesmo assim, não faltou a festa nem o fogo de
artifício.