A
Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Penacova poderá vir ser a
Associação com mais sócios do distrito ou do País e tornar-se pioneira num
exemplo de solidariedade permanente.
Vem
isto a propósito dos banhos públicos gelados, ou como a campanha é conhecida em
inglês do “ice bucket challenge”, que tem como objetivo angariar dinheiro em
favor da Associação ALS, que quer ajudar os pacientes e a comunidade cientifica
no combate da doença neurodegenerativa chamada esclerose lateral amiotrófica.
Esta
aparente brincadeira tornou-se rapidamente num verdadeiro fenómeno mediático,
invadiu as redes socias e muita gente anónima, mas também inúmeras figuras
públicas vão aderindo e desafiando outros a fazer o mesmo, numa espécie de jogo
que se multiplica e multiplica também os euros que já atingiram, segundo as
noticias, perto de 24 milhões.
Mas
este fenómeno, ao que parece, não se fica por aqui e por esta Associação Norte
Americana ALS. No último Sábado, surgiu no Quartel dos Bombeiros de Penacova,
uma cidadã do nosso concelho que foi desafiada a tirar uma fotografia junto a
uma das viaturas dos Bombeiros, a efetuar um donativo e a nomear/convocar
outras três pessoas a fazerem o mesmo.
Nada
tenho contra as iniciativas que visem contribuir para qualquer causa pública de
interesse coletivo, e não tenho dúvidas que as pessoas aderentes fazem-no
sempre com a melhor das intenções, com o seu pensamento focado na instituição
que merece o seu reconhecimento e com o coração pleno de generosidade. O
humanismo, o altruísmo e a disponibilidade de ajudar ou minimizar o sofrimento
alheio são consensuais.
O
que quero dizer é que às vezes parece que são modas. Modas que se traduzem numa
generosidade episódica, e que embora tenham o seu mérito e pontualmente sirvam
de ajuda e até de mola impulsionadora para outros projetos, acabam por se
esfumar no tempo e no contexto das necessidades e dos compromissos permanentes,
constantes e diários das Instituições/Associações.
Numa
conjuntura cada vez mais exigente e carregada de obrigações, que não podem nem
devem deixar de ser satisfeitas, numa Associação com uma média de 150
emergências mensais na área da saúde, com os acidentes rodoviários que todos
conhecemos, com o combate aos incêndios das mais diferentes naturezas, com uma
panópila sem fim de serviços e de solicitações diversas, a toda e a qualquer
hora do dia, torna-se cada vez mais importante que o trabalho voluntário de
cada um dos seus dirigentes esteja devidamente alicerçado num conjunto de
regras e de receitas fixas, que não ao sabor de qualquer episódio pontual de
solidariedade, por mais importante que seja.
Podemos,
e julgo que devemos todos, os que quiserem, aderir a esta iniciativa, mas o
desafio ou a convocatória que aqui deixamos, a todos os cidadãos, é que se
inscrevam como sócios da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de
Penacova. Isto sim constituiria não apenas uma receita permanente, de um euro
por mês e por cidadão, mas também uma ligação, uma parceria e uma partilha de
serviços e, sobretudo de valores, entre o cidadão e a Instituição do seu
concelho.
Os
Nossos Bombeiros, pelo seu trabalho e dedicação, granjearam o reconhecimento
público muito para além das fronteiras do nosso município, a Nossa Associação é
reconhecida pelos seus valores e pelos serviços que presta. Então façamos Dela
a Associação de Bombeiros com mais associados do distrito de Coimbra ou de
Portugal. Este é um desafio para todos nós, mas pode bem ser um desígnio de
todos os Penacovenses e, certamente por esta via, colocaríamos também Penacova
no topo da agenda mediática e da solidariedade permanente.
António Simões