Também eu estou
mais “escuro”.
Não, não é
apenas o rosto, a véstia ou mesmo o olhar mais sombrio! Não, não é!!
É o coração e
alma que sentem a melancolia, o desgosto e a tristeza infinda de ver partir um
amigo. Assim, repentinamente, a notícia cai. Ficamos perplexos, incrédulos, a nossa
cabeça transforma-se num turbilhão de pensamentos, de recordações, de imagens.
Sim de imagens! Imagens de um Homem sereno, tranquilo, sensato, também preocupado,
imagens inesquecíveis de um Amigo!!
O Alberto, não é
conhecido de Penacova, mas gostava da minha, da nossa terra. É um daqueles Amigos
a quem que tive oportunidade de mostrar o Mosteiro de Lorvão, o Penedo do Castro,
os Moinhos, as Barragens, a “Água das Caldas” de o trazer, aos “nossos”
restaurantes, ao Côta, ao Cortiço, ao Vimieiro, ao Aires, à Quinta da Conchada
e já não foi ao Piscinas.
É difícil
escrever mais, e, por mais rico que fosse o meu vocabulário e fértil a minha
imaginação, nunca escreveria melhor, do que o Dr. José Oliveira Alves e o Dr.
Nuno Espinal, transcrevo, por isso, neste meu espaço, as suas palavras
que ficarão para memória futura como o testemunho e a homenagem a um Amigo comum.
Também eu, Caro
Alberto, não te esquecerei, “no escuro” (que este ano partilhei tão pouco) ou qualquer
que seja o local do nosso próximo almoço.
Caro Alberto:
Não tinhas o direito de partir
assim.
Sem mais, como se não fosses
importante para todos e cada um de nós.
Recentemente, pelo teu
aniversário, fizeste questão de nos reunires em tua casa, à volta da tua mesa,
numa feliz comemoração.
A todos abraçaste com o teu
sorriso aberto e prazenteiro que irradiava satisfação por estarmos ali.
A tua mulher, o teu filho, a tua
nora e a tua neta desdobraram-se em amabilidades para connosco, como se de
família próxima se tratasse.
A tua neta falou por todos nós,
num improviso que lhe impusemos, e salientou, em palavras simples mas plenas de
significado, aquilo que um avô mais desejaria ouvir – a admiração, o amor, o
carinho por um avô sempre presente, amigo, conselheiro e protector que a Leonor
lhe testemunhou
Poderíamos fazer nossas as
palavras da tua neta.
Há dois anos, também por altura
do teu aniversário, almoçámos em Fajão, lembras-te? Fizeste questão de oferecer
o almoço dizendo algo como isto “estes são os meus amigos, que importa o
dinheiro?”
Foste sempre assim, amigo do teu
amigo, generoso, bom e leal, de nome e de temperamento.
Para ti a vida deveria ser um
jogo sem vencedores nem vencidos.
Nunca ninguém te viu zangado nem
nunca te ouviu uma crítica a quem quer que fosse. Foste um exemplo de amigo,
marido, pai, avô e Homem.
Hoje, que o jogo acabou,
perdeste, Alberto, perdemos todos, e penso que, sem o sabermos, o abraço
apertado que trocámos no dia do teu aniversário era um abraço de despedida.
A vida tem destas traições.
Sabes que deixas um vazio enorme.
O teu lugar, no “Entroncamento”,
no “Escuro” como lhe chamamos, vai agora ficar vazio ao lado do Vasco mas não
deixaremos de sentir a vossa presença junto de nós.
Um dia, lá nos encontraremos no
universo do tempo, daremos um fortíssimo abraço de saudade e continuaremos as
nossas conversas que agora interrompemos.
Embora tivesses o dever de
continuar junto de nós, vai em paz, Alberto
Até sempre, Amigo.
José Oliveira Alves
Caro Alberto:
Eras um verdadeiro amigo, um
amigo dos velhos amigos da malta.
Hoje, para sempre, a trágica
frieza da morte, silenciou-te as palavras, extingue-te o sorriso, finaliza os
gestos cúmplices e solidários com que acudias aos desprivilégios da vida.
No teu recato, longe de
exuberâncias, sempre te ouvimos as palavras fortes com que elegias a amizade,
que tanto consagravas no teu culto dos bens mais prestimosos da vida.
Meu caro Alberto: Amanhã, no
“escuro”, tanto que vamos sentir a tua falta! Mas, haverá sempre um brilho teu,
na memória das coisas fortes da vida, que nos iluminará as recordações que tu
tanto protagonizaste connosco.
Adeus caro Alberto. Quero que
acredites: Enquanto um dos da “malta” existir, tu existirás sempre connosco.
Nuno Espinal