O
País assiste, talvez já sem surpresa, à prisão do diretor da Policia Judiciaria
Militar e outros responsáveis, alegadamente, por existirem “guerras” entre
polícias.
O
caso poderia até parecer uma brincadeira de ciúmes, de ambições pessoais ou
corporativas se o conteúdo não fosse tão sério e relevante. Acontece, que se
trata de um assunto de estado, do roubo de armas de um paiol militar, ainda tão
mais grave quando sabemos que andou envolto em sucessivos mistérios,
contradições e incertezas e em sucessivas declarações, mais ou menos
desastradas, gerando uma natural sensação de desconfiança e insegurança nos
cidadãos.
É
certo, que nos tempos que correm, andamos todos um pouco baralhados: Polícias
com responsabilidades de apagar incêndios, Bombeiros que regulam o trânsito
enquanto esperam pela chegada da polícia. Há uns tempos, era impensável ver
carros de combate a incêndios capotados com a sigla da “GNR”, ou lamentar os
ferimentos graves e o internamento de militares desta prestigiada força, devido
ao combate a incêndios florestais.
Hoje
temos fotografias censuradas, que levam à demissão de responsáveis, e não era
hábito termos o Presidente da República, o mais Alto magistrado da Nação, dias
a fio, a dar entrevistas em calções de banho.
Atualmente temos o maior
investimento (diz-se) de sempre na área da saúde, mas também um número de
demissões, sem precedentes, de responsáveis hospitalares e um agravamento continuado
dos cuidados prestados.
Temos
um primeiro-ministro que dá a sua palavra honrada, que a repete cinco vezes, para
uns dias depois a reduzir a menos de nada.
Sim,
tudo isto parece um sinal dos tempos, a que, mal ou bem, nos vamos habituando,
mas o incidente de Tancos não é bem a mesma coisa. Quando se trata da
Instituição Militar, atingida ao seu mais alto nível, exatamente a Policia
Judiciária Militar, então não serão apenas sinais dos tempos, mas antes
fenómenos complicados de degradação das Instituições, que podem ferir a
dignidade e a credibilidade do próprio Estado de Direito.
Apesar de tudo, e dos seus constrangimentos, vamos acreditando no sistema judicial, esperando que não seja beliscado pelo recente e rocambolesco episódio da nomeação da PGR.