sexta-feira, 15 de abril de 2016

FÓRUM PARA A VALORIZAÇÃO DO INTERIOR


Ontem, à noite, desloquei-me à bonita vila da Lousã para participar no Fórum para a Valorização do Interior. Confesso que o Fórum me despertou algum interesse, pelo tema em si mesmo, pela recém criada unidade de missão para a valorização do interior, mas também como Presidente da Federação de Bombeiros do Distrito de Coimbra, tendo em conta que os Bombeiros e as suas Associações Humanitárias, ocupam um espaço fundamental na valorização do território. Durante os trabalhos, em que ainda assim participaram cerca de 60 pessoas, deixei três ideias que me parecem importantes:
1.     A segurança versus turismo. Qualquer que seja o caminho para a valorização e afirmação do território, não pode ignorar a vertente da segurança, numa perspetiva integradora de cidadania e de bem estar individual e coletivo. O cidadão, o turista, o simples visitante, não se desloca e não permanece num território, se não sentir uma efetiva sensação de segurança e de conforto. A importância das instituições de proteção e socorro e os agentes de proteção civil de proximidade têm, assim, e, cada vez mais, um papel fundamental na atração e promoção do turismo.
2.     O património histórico do interior. A identificação, recuperação e valorização do património histórico, cultural e religioso e mesmo de aldeias degradadas, assume, na minha perspetiva, um papel fundamental, não apenas como fator identitário de um território e de um povo, mas também na promoção de uma política de emprego local, em áreas importantes para as gentes do interior, abrangendo profissões qualificadas como a arquitetura e engenharia civil, mas também a mão-de-obra mais técnica e pesada, que vulgarmente chamamos de construção civil.
3.     A valorização da floresta e fileira agroflorestal, o planeamento, emparcelamento e identificação do cadastro dos prédios rústicos. A floresta portuguesa tem um peso de cerca de 3% do PIB e é responsável por mais de 200 mil empregos. Apesar desta enorme importância, social, económica e ambiental, o planeamento florestal nunca foi entendido como uma prioridade, e os vários planos setoriais desenvolvidos tiveram sempre um alcance e eficácia muito aquém do que seria legítimo desejar. Sem instrumentos sérios de planeamento, a floresta dificilmente será lucrativa e sustentável e será sempre mais difícil de preservar e defender.

Naturalmente outros assuntos foram abordados, como a valorização dos produtos endógenos, a diversificação de culturas, as acessibilidades e os incentivos, aliás, nesta matéria, julgo que já pouco se inventa ou inova, o diagnóstico está feito, e mais do que criar estruturas de missão, importava mesmo era arregaçar as mangas e passar à prática.
Gostaria bem de acreditar na bondade destas iniciativas, e saúdo os promotores e os participantes, que se empenham e ainda confiam, mas o interior, cada vez mais desertificado e cada vez com menos capacidade eleitoral, não é de facto atrativo para os responsáveis que, numa democracia, precisam de votos.
Registo a presença uma vez mais da Associação de Miro, a confirmar o seu slogan “Miro muito mais do que um lugar”, e a ausência dos autarcas. Não sei se teriam que estar, mas o único presente num fórum para a valorização do interior, era mesmo o Vereador da Camara Municipal de Lousã.