Ontem, à noite, desloquei-me à bonita vila da Lousã
para participar no Fórum para a Valorização do Interior. Confesso que o Fórum
me despertou algum interesse, pelo tema em si mesmo, pela recém criada unidade
de missão para a valorização do interior, mas também como Presidente da
Federação de Bombeiros do Distrito de Coimbra, tendo em conta que os Bombeiros
e as suas Associações Humanitárias, ocupam um espaço fundamental na
valorização do território. Durante os trabalhos, em que ainda assim
participaram cerca de 60 pessoas, deixei três ideias que me parecem
importantes:
1.
A segurança
versus turismo. Qualquer que seja o caminho para a valorização e
afirmação do território, não pode ignorar a vertente da segurança, numa perspetiva
integradora de cidadania e de bem estar individual e coletivo. O cidadão, o
turista, o simples visitante, não se desloca e não permanece num território, se
não sentir uma efetiva sensação de segurança e de conforto. A importância das
instituições de proteção e socorro e os agentes de proteção civil de
proximidade têm, assim, e, cada vez mais, um papel fundamental na atração e
promoção do turismo.
2.
O património
histórico do interior. A identificação, recuperação e valorização do
património histórico, cultural e religioso e mesmo de aldeias degradadas,
assume, na minha perspetiva, um papel fundamental, não apenas como fator
identitário de um território e de um povo, mas também na promoção de uma política
de emprego local, em áreas importantes para as gentes do interior, abrangendo
profissões qualificadas como a arquitetura e engenharia civil, mas também a mão-de-obra
mais técnica e pesada, que vulgarmente chamamos de construção civil.
3.
A valorização
da floresta e fileira agroflorestal, o planeamento, emparcelamento e
identificação do cadastro dos prédios rústicos. A floresta
portuguesa tem um peso de cerca de 3% do PIB e é responsável por mais de 200
mil empregos. Apesar desta enorme importância, social, económica e ambiental, o
planeamento florestal nunca foi entendido como uma prioridade, e os vários
planos setoriais desenvolvidos tiveram sempre um alcance e eficácia muito aquém
do que seria legítimo desejar. Sem instrumentos sérios de planeamento, a
floresta dificilmente será lucrativa e sustentável e será sempre mais difícil de
preservar e defender.
Naturalmente outros assuntos foram abordados, como a
valorização dos produtos endógenos, a diversificação de culturas, as acessibilidades
e os incentivos, aliás, nesta matéria, julgo que já pouco se inventa ou inova,
o diagnóstico está feito, e mais do que criar estruturas de missão, importava
mesmo era arregaçar as mangas e passar à prática.
Gostaria bem de acreditar na bondade destas
iniciativas, e saúdo os promotores e os participantes, que se empenham e ainda confiam, mas o interior, cada vez
mais desertificado e cada vez com menos capacidade eleitoral, não é de facto
atrativo para os responsáveis que, numa democracia, precisam de votos.
Registo a presença uma vez mais da Associação de Miro,
a confirmar o seu slogan “Miro muito mais do que um lugar”, e a ausência dos
autarcas. Não sei se teriam que estar, mas o único presente num fórum para a
valorização do interior, era mesmo o Vereador da Camara Municipal de Lousã.