segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

ATÉ SEMPRE XAVIER

Por mais forte que seja a carapaça em que nos vamos envolvendo, fruto da experiência e dos episódios vividos, há momentos em nos sentimos ultrapassados, tal é a dureza da realidade e a frieza dos acontecimentos, que nos gelam o corpo, o coração e alma e nos mergulham numa imensidão de sentimentos, que não conseguimos distinguir ou interpretar.
Senti-me assim, sinto-me assim. Tenho a certeza que todos os meus Companheiros, todos os Companheiros do Gonçalo Xavier estão também assim, mergulhados neste mar de sentimentos contraditórios, em que a vida e a morte se cruzam de uma forma tão sublime, mas também tão abrupta e cruel.
Foi neste cruzamento, nesta curva apertada entre a vida e a morte, que este nosso Companheiro foi apanhado, apenas com 35 anos de idade e poucos minutos depois de ter jantado com todos nós. Ele, que tantas e tantas vezes, desde 1 de Janeiro de 2004, correu para salvar vidas, viu-se agora envolvido na estrada, nessa imensa estrada do infinito, que ontem o afastou do nosso convívio e do nosso quartel de que tanto gostava.
Homem Trabalhador, Educado, Respeitador, Disciplinado, Cumpridor do seu dever. Apesar das dificuldades da sua vida profissional, o Xavier não falhava a um serviço de escala. De onze em onze dias, tinha que encontrar espaço e tempo para ir fazer noite, e aos fins de semana e sempre que podia, lá estava no quartel pronto e disponível para colaborar.
Com os olhos toldados pelas lágrimas, como estão todos os valorosos Bombeiros de Penacova que terão de suportar, viver e superar mais esta adversidade, fogem-me as palavras, restando-me apenas o lugar comum e dizer, em nome de todos nós.

Até Sempre Xavier

O Comandante,