quarta-feira, 18 de novembro de 2015

NOVO TRAÇADO (OU NÃO) DO IP3

Com um tráfego rodoviário de cerca de 18 mil veículos/dia e uma elevada percentagem de veículos pesados, o atual eixo do IP3, está hoje entre as estradas mais movimentadas do nosso País e constitui um dos trajetos essenciais para o transporte de mercadorias para exportação.  
O IP3 e o IC6, conferem a Penacova uma centralidade ímpar no traçado rodoviário importantíssimo, Coimbra-Viseu-interior norte e a ligação privilegiada à A25, como porta de acesso a Espanha e à Europa, ao interior e ao litoral. 
Contrariamente a muitas outras vozes, tenho sempre defendido um reforço de investimento no atual traçado, transformando-o em perfil de autoestrada, em detrimento da construção de uma nova via alternativa, muito mais cara e portajada. 
Porém, as soluções, recentemente mais faladas, passam pela construção de uma estrada na margem esquerda do Mondego, que beneficie sobretudo os concelhos servidos pela Estrada da Beira, com os respetivos Autarcas a lutarem por esta opção, ou, então, pela chamada Via dos Duques, com ligação da A13 desde Vila Nova de Ceira ao IP3, aos nós de Coimbra e Souselas, e depois uma nova via a passar pela orla da Serra do Buçaco em direção à Aguieira sem ligação direta a Penacova. Esta é solução defendida pelos Autarcas a norte, que veem com bons olhos uma distância um pouco mais curta entre as cidades de Coimbra e Viseu.  
Penacova tem estado no meio deste jogo de interesses locais, e arrisca-se a ficar fora da discussão a assistir ao nascimento de uma nova via rápida, com o IP3 a transformar-se progressivamente numa estrada local, sem a importância estratégica que tem hoje, porventura, votada ainda mais ao abandono, com consequências necessariamente negativas para o concelho. 
Mas não é apenas por Penacova que defendo a manutenção e reconversão do atual traçado. A construção de uma nova autoestrada tem associados custos enormes, não só do ponto de vista financeiro, e não me digam que são investimentos privados porque já todos sabemos como isso funciona, mas também, e, sobretudo, do ponto de vista social e ambiental. 
A construção de uma nova estrada implica seguramente o esventrar de uma serra, de uma paisagem que deveríamos preservar, implica uma alteração profunda do ecossistema existente, e provoca inevitavelmente alterações sociais, sem que os ganhos de eficácia sejam assim tão significativos.  
Sou dos que defendo que não precisamos de mais autoestradas, precisamos, isso sim, de melhorar as que temos, adaptando-as progressivamente às novas realidades, sem onerar ainda mais as gerações futuras. 
Reitero o que escrevi em 15 de Fevereiro e 18 de Dezembro de 2014, e continuo a entender que Penacova, a sua população e os seus responsáveis, deviam, isso sim, defender, “com unhas e dentes”, não a construção de uma nova estrada, mas antes a requalificação da existente. Saúdo, por isso, a Associação dos Utentes e Sobreviventes do IP3, que se tem vindo a afirmar como movimento de reflexão e discussão pública e faço votos para que este movimento se multiplique e consiga, acima de qualquer ideologia, mobilizar os cidadãos.