quarta-feira, 4 de novembro de 2015

DO SONHO À REALIDADE......

Chove copiosamente, a manhã está fria, carregada dum cinzento escuro quase arrepiante, que cobre por completo o céu.

Na estrada, ouço o intenso chapinhar dos carros e o frenético rodar dos pneus. Aqui e ali, o som estridente das buzinas anuncia falta de paciência e nem mesmo a forte pressão dos lençóis, feitos de água acumulada, é condição suficiente para me alertar para os perigos da condução.
No conforto do ar condicionado, mudo de estação sempre que nos intervalos da música o rádio dá informações sobre as dificuldades do trânsito e os acidentes que vão acontecendo um pouco por todo o lado.
Olho para o relógio, o tempo voa e já não suporto a lentidão dos camiões que circulam à minha frente. Está na hora de enviar uma mensagem a dizer que estou atrasado. Escrevo apressado, um olho no vidro da frente, outro no telemóvel, outro no retrovisor, não vá a polícia querer fazer das suas.
Não ouço a música, não vejo os camiões, não me incomoda o barulho constante do limpa para-brisas. Já só penso que deveria ter saído mais cedo, que o cliente não espera, que o negócio fica adiado ou perdido definitivamente.
Não, não posso perder esta oportunidade. Tenho que andar depressa. É uma reunião demasiado importante.
Piso no acelerador.
O perigo espreita a cada curva, a cada ultrapassagem,  em cada afunilamento da via. A distância de segurança que me separa do veículo da frente é tão pequena como a diferença entre a vida e a morte, entre chegar ao destino ou ficar encarcerado, entre tomar o pequeno almoço na mais doce pastelaria ou em qualquer urgência hospitalar.
De repente um barulho ensurdecedor, o céu fica virado ao contrário, o cinzento escuro arrepiante aterroriza-me.
Acordei. Afinal era um sonho, a realidade é que a chuva cai assustadoramente.