
Sou dos que defendo estes princípios
básicos de liberdade, alicerçados numa prática política centrada na moderação,
como forma de resolução dos problemas da sociedade, num conceito de cidadania
ativa, partilhada e democrática, sem ofensas e atropelos, num modelo de
construção de vida que não imponha limites à liberdade, mas que balize qualquer
forma de extremismo que a possa por em causa. É por isso, que tenho visto com
alguma apreensão os acontecimentos recentes do nosso quotidiano.
Nos últimos tempos, temos assistido a
uma radicalização da vida política, sobretudo através de uma verborreia, por
vezes a roçar a ofensa e a má educação, por parte de alguns dos agentes
políticos, que deveriam ser os primeiros a dar sinais e exemplos de tolerância,
de convivência democrática aberta e saudável, de moderação e de bom senso.
As expressões faladas, as expressões
dos rostos, dos gestos, dos olhares, dos tons, dos risos, mais ou menos
sarcásticos, dos “à partes” que temos ouvido e visto nas discussões politicas
na Casa da Democracia e nos órgãos de comunicação social, deixam transparecer
sentimentos de radicalismo, de intolerância, de aversão e de repulsa, que há
muito não víamos.
A democracia, como valor muito
fundamental da construção da nossa convivência, deve servir sempre para unir
esforços em torno do que é essencial para a sociedade e para os cidadãos e,
apesar das diferenças, normais e necessárias, sobre os caminhos a percorrer
nunca deve servir como fator de desestabilização, de incerteza e de
insegurança.
A democracia traduz-se na liberdade
de escolha entre várias propostas e soluções e, por isso mesmo, dela resulta
sempre um poder efémero, limitado no tempo, condicionado a novas escolhas. Os
que hoje ficam satisfeitos e exultam com as vitórias, amanhã ficarão
descontentes e certamente sofrerão com as derrotas. É assim a democracia, sem
dramas, sem preconceitos, sem tragédias.
Sou dos que penso, que em democracia
a alegria e satisfação dos vitoriosos deve ser diretamente proporcional ao
respeito e à consideração pelos derrotados.
Por tudo isto digo RADICALIZAÇÃO NÃO.