quinta-feira, 12 de novembro de 2015



A vida do dia-a-dia, a dignidade a que todos temos direito, a liberdade de circular, de pensar, de expressar sem medos, de trabalhar, de rir, de brincar, as diversas formas liberdade a que já nos habituámos e que tanto custou a construir, são valores fundamentais que em circunstância alguma podemos deixar fugir.
Sou dos que defendo estes princípios básicos de liberdade, alicerçados numa prática política centrada na moderação, como forma de resolução dos problemas da sociedade, num conceito de cidadania ativa, partilhada e democrática, sem ofensas e atropelos, num modelo de construção de vida que não imponha limites à liberdade, mas que balize qualquer forma de extremismo que a possa por em causa. É por isso, que tenho visto com alguma apreensão os acontecimentos recentes do nosso quotidiano.
Nos últimos tempos, temos assistido a uma radicalização da vida política, sobretudo através de uma verborreia, por vezes a roçar a ofensa e a má educação, por parte de alguns dos agentes políticos, que deveriam ser os primeiros a dar sinais e exemplos de tolerância, de convivência democrática aberta e saudável, de moderação e de bom senso.
As expressões faladas, as expressões dos rostos, dos gestos, dos olhares, dos tons, dos risos, mais ou menos sarcásticos, dos “à partes” que temos ouvido e visto nas discussões politicas na Casa da Democracia e nos órgãos de comunicação social, deixam transparecer sentimentos de radicalismo, de intolerância, de aversão e de repulsa, que há muito não víamos.
A democracia, como valor muito fundamental da construção da nossa convivência, deve servir sempre para unir esforços em torno do que é essencial para a sociedade e para os cidadãos e, apesar das diferenças, normais e necessárias, sobre os caminhos a percorrer nunca deve servir como fator de desestabilização, de incerteza e de insegurança.
A democracia traduz-se na liberdade de escolha entre várias propostas e soluções e, por isso mesmo, dela resulta sempre um poder efémero, limitado no tempo, condicionado a novas escolhas. Os que hoje ficam satisfeitos e exultam com as vitórias, amanhã ficarão descontentes e certamente sofrerão com as derrotas. É assim a democracia, sem dramas, sem preconceitos, sem tragédias.
Sou dos que penso, que em democracia a alegria e satisfação dos vitoriosos deve ser diretamente proporcional ao respeito e à consideração pelos derrotados.
Por tudo isto digo RADICALIZAÇÃO NÃO.