Horas de angústia
e sobretudo de muito trabalho, vividas com uma intensidade impressionante. Foram
assim os últimos 10 dias com mais de duas dezenas de incêndios florestais.
Depois da
terrível tarde de Domingo, não tivemos mais um minuto de sossego, ainda esta
madrugada, cerca das 4h.00, dois novos incêndios em simultâneo, em Sernelha e
em Paradela de Lorvão e a tarde tem sido sempre assim, reacendimentos e novos
incêndios, como o de há pouco, mais uma vez em Chelo.
Ainda
assim não podemos desistir ou desanimar. A população, sobretudo a mais vulnerável,
que ainda resiste à vida cada vez mais difícil das nossas aldeias, não pode prescindir
do nosso trabalho. É por esta GENTE, pela salvaguarda dos seus bens e dos seus haveres,
que lutamos, que não desistimos e que arriscamos a nossa própria Vida.
No passado
Domingo foi assim nos limites das localidades do Travasso e do Sanguinho,
aldeias pequeninas, mas que têm pessoas com vida e sentimentos. Foi por isso
que arriscámos e perdemos as viaturas. Foram-se
os anéis mas ficaram os dedos. São estes Dedos que continuarão a lutar com
a mesma dignidade de sempre, com a consciência plena do dever cumprido.
Anéis
sempre encontraremos outros. Sobram os dedos. Sobra aquilo com que podemos recomeçar.
Recomeçar a escrever outra página, a reconstruir, a entregar, a continuar a
oferecer apoio.
Claro que
continuamos cá, apoiados em nós próprios, no alívio das nossas birras, das
nossas brincadeiras, mas também no conforto de tanta gente.